Poema
com 21 estrofes, na linha da etiqueta social de um cavalheiro: o que é ser
cavalheiro.
1) Cavalheirismo
O cavalheirismo tem/
um gesto sentimental;/
e uma distância abismal,/
afastando o mal do bem./
Trata e cumprimenta
alguém/
com distinção e respeito —/
sem dizer frase ou conceito/
que tenha “duplo sentido”,/
que cause mal entendido/
ou não tenha um bom efeito.
2) Afetivo e social
Não
é somente com a dama/
que
convém ser cavalheiro:/
é
com o amigo ou parceiro/
e
a pessoa a quem se ama./
Não
se anda de pijama,/
recebendo
um visitante./
Ao
idoso ou cadeirante,/
cede-se
a vez ou a vaga./
E
uma conta, não se paga,/
de
um estranho ou mais distante.
3) Social e doméstico
Abrir
a porta do carro,
ajeitar
uma cadeira,
não
levantar a poeira,
não
botar a mão no jarro,
não
responder com esparro,
fazer
silêncio no terço.
Nem
sempre isso, eu exerço,
mas
sei que sou obrigado
pela
força do ditado:
“A
educação vem do berço”.
4) Beijar a mão de uma dama
Beijando
a mão de uma dama,
só
faz a imitação:
evita
o beijo na mão,
curva
a cabeça e aclama.
O
beijo é para quem ama:
na
palma da mão, é dado;
quer
dizer “interessado
no
toque de amor romântico”;
em
mais um item semântico,
"é
para ficar guardado”.
5) Príncipe cavalheiro e
"cavalheiro príncipe"
Todo
príncipe é educado
para
ser um cavalheiro
junto
a dama e companheiro,
dentro
e fora do reinado.
William*
é vocacionado,
outro
é feito na Etiqueta.
Sem
paletó nem jaqueta,
vira
"príncipe camarada"
quem
for para sua amada
"um
romeu de julieta”.
*Alusão
a Sua Majestade Príncipe William da Inglaterra.
6) Frase proclamada
"Você
é um cavalheiro":
eis
um dito proferido
ao
homem gentil (polido)* —
por
gente do Mundo inteiro.
Todo
menino é "herdeiro
do
trono Cavalheirismo".
Essa
frase é um modismo
que
sempre vai existir.
Toda
jovem quer sentir
esse
gosto de humanismo.
7) Em contato pessoal
Convém
manter a distância
de
"dois braços", mais ou menos,
para
as palavras e acenos
de
elogio e relevância.
Não
se fala com arrogância,
gíria
nem “baixo-calão”.
Quem
primeiro estende a mão
é
o outro mais importante e;
se
for seu acompanhante,
abra-lhe
a porta (ou portão).
8) Cumprimento
Ao cumprimentar alguém,
levante-se com decência;
com ligeira reverência,
estenda a mão sem desdém.
Gente que esteja também,
assistindo ao cumprimento,
percebe no outro assento
o que é cavalheirismo:
“gesto de companheirismo,
sem ter comprometimento”.
9) Cumprimento e prioridade
Quando for cumprimentar
o patrão, o filho, a dona,
levante-se da poltrona;
espere um sinalizar
que retorne a se sentar.
Em loja ou na caminhada,
quando subir a escada,
o homem sobe na frente;
e a dama, anteriormente,
descendo para a calçada.
Quer
se relacionar
bem
visto ou bem aceito?
Não
queira tirar proveito
de
quem o acompanhar;
procure
se observar
com
o que receber, ou der:
dê
e aceite, se quiser —,
mas não seja
interesseiro.
É
assim um cavalheiro
com
jovem, homem e mulher.
11) “Jogo de cintura"*
Procure
ser cavalheiro
na
alta sociedade e,
na
baixa comunidade,
seja
bom, justo e ordeiro.
Nesse
jogo costumeiro,
vá
sempre se conduzindo,
que
vai entrando e saindo
—
no “cinturão social” —
com
a impressão pessoal:
benquisto
como bem-vindo.
*Ser
adaptável, sociocomunitário.
12) Mínimo de elegância
"Diminua
o 'palavrão'"*
e
não difame a atriz;
trate
bem a meretriz,
cumprimente
o cidadão.
Respeite
muito o ancião,
o
silêncio em funeral
e
todo gênero sexual.
Isso
é fácil fazer
e um
mínimo que pode ser
de
elegância social.
*Diminuir
o peso e a quantidade, com intenção de "zerar".
13) Sublimado amigo
Uma
sublime amizade
não
se preocupa consigo:
toma
de conta do amigo
que
seja sua metade.
A
complementaridade
que
acompanha essa virtude
mora
no ato que ajude
ao
último e ao primeiro;
faz
parte do cavalheiro
sem
arma nem gesto rude.
14)
Respeitável
Não
procure intimidade
com
a mulher de um companheiro:
seja
apenas um parceiro
com
distinção e hombridade.
Não
queira ter liberdade
para
tirar brincadeira.
No
caso, a melhor maneira
de
ser gentil e decente
é
respeitar igualmente
o
homem e a companheira.
15) "Dama de sete pedras"
Príncipe,
rei, homem não pode/
brigar
com a sua dama./
Ela
pode: quando o chama/
“cabra
velho, bicho ou bode”/
e
logo quando sacode/
o
prato em cima da mesa,/
manda-o
pagar a despesa,/
puxa
a mesa ‘de puxão’,/
com
‘sete pedras na mão’/
e
o vestido de princesa”.
16) Manter a compostura
Tenha
calma, cavalheiro!/
Sempre
esteja preparado,/
a
fim de ser comportado/
com
empregado grosseiro:/
um
agente do bombeiro/
com
a cara de arrogante...;/
um
funcionário informante/
que
é pago para o serviço,/
mas
não cumpre o compromisso/
nem
responde ao visitante.
17) "Deixar por menos"
Ao
cavalheiro, convém
relevar
a intemperança
de
uma "dama que não dança
a
música que o entretém”.
Se
for por ela, também
manter
silêncio e decoro
ao
ouvir seu desaforo —
por
achar que ele é culpado
de
não ficar ao seu lado
quando
se acaba o namoro.
18) Conversa agradável
Não
pergunte quanto ganha/
o
seu interlocutor;/
muito
menos, o valor/
da
roupa que o acompanha./
Tais
perguntas, ele estranha/
e
acaba se afastando./
É
melhor ficar falando/
na
política de emprego;/
no
conforto e no aconchego/
da
peça que ele está usando.
Nota: não se
recomenda usar sublinha no texto, mas cada verso sublinhado
indica um subtópico dentro da estrofes acimas.
Rompimento amoroso
O poeta agora se dirige ao leitor,
usando "pronome tu",
em estrofes bárbaras de 12 versos.
19) Fases do amor
Se
a dama não é mais tua,
"deixa
para outro" ver
se
ela sabe como ser
a
linda princesa sua*.
Repara
as fases da Lua,
que
também desaparece;
vai
e vem e sobe e desce,
como
bola em movimento,
como
é esse afastamento
que
tu deves entender,
respeitá-lo
sem querer
impor
o teu pensamento.
* sua (dele).
20) Majestoso
No fim de cada namoro
que
tu, cavalheiro, tinhas,
com
princesas ou rainhas,
mantém
a classe e o decoro;
ganhas
privilégio e foro
para
não comentar nada:
fica
de "boca fechada",
que
a amizade permanece;
ao Deus do Amor*, agradece
beijo
e abraço recebidos;
de
felizes tempos idos,
tens
lembrança, mas te esquece.
Tolerância em sociedade
21) Sem as "palavrinhas mágicas"
Procura
ser bom
sem reconhecimento./
Não
esperes muito
que te agradeçam;/
é
quase certeza
que desapareçam/
depois
do favor
recebido a contento./
Sem
ser “com licença”,
entrega o assento;/
empresta
a caneta
sem “muito obrigado”;/
pedir
“por favor”
não é mais tanto usado/
nem
pede “desculpa”
quem muito te ofende./
Quem
te "bate a porta"
e não se arrepende/
talvez
bata em rosto
de gente também./
Cuidado: não sigas
costume
de quem/
não foi educado
e nem se
repreende.