Memória ou Homenagem póstuma – in memoriam.
Destinatários:
a) Família, Familiares paternos e maternos, Parentes e Amigos do pai reverenciado aqui: Edilson Alencar de Sousa.
b) Algum leitor que se comova com o sentimento do filho enlutado até hoje, 28 anos depois.
Texto em prosa.
...,
22 de maio de 1987
Papai
amigo, onde estiveres:
nos
céus, nas nuvens, nas estrelas, nos longínquos campos do espaço e nas aparentes
circunscrições do universo,
Como
são profundas as raízes da genética! E como são imensos os laços consanguíneos!
E
depois... o teu exemplo, o teu amor, a tua coragem, a tua fé, a tua luta e a
tua humildade...
Quisera
ter isto comigo para todo o sempre
Como me
lembro da tua mão firme e calorosa a segurar-me a minha mão tenra e pequenina!
Como
gostavas de mostrar-nos as coisas a mim e aos meus irmãos!
Como
admiravas o poder de Deus e o poder da criação!
E
desejavas que nós entendêssemos tudo o que assimilavas
Tu, que
tanto trabalhaste, acreditando no futuro dos teus filhos e na felicidade dos
povos, onde estás agora com as tuas esperanças?
Apesar
de tudo isto, fica mesmo, onde estiveres: nos céus, nas nuvens, nas estrelas,
nos longínquos campos do espaço, nas aparentes circunscrições do universo, na
mão de Deus eternamente.
Carta na forma e formatação
originais, mantendo erros de pontuação e outros, visto que foi escrito em um
momento abalado pela forte emoção do luto.
A morte do meu pai ocorreu em 14
de maio de 1987. Depois do texto acima, escrevi um poema alusivo e muito
circunstanciado.
Estrofes: recebida e reconhecida
que também se fez saudosa
com a morte e o sepultamento.
Depois do triste advento,
com vento em noites de frio,
guardou com zelo e com brio
— do baú à escrivaninha —
o papel com a cartinha
que, por minha mão, saiu.
b) Cobertos pela
dor
Com certeza, ela sentiu
o que nós todos sentimos:
filhos, mãe, tias e primos...
que a Dor chamou e cobriu.
O meu pai, que era seu tio,
dava conselho ao pai dela.
A Morte deixou sequela
como funesto acidente:
lembramos eternamente:
imagem, caixão e vela.
c) Permanência
Mostrou "o que é consagrar"
pelo tradicionalismo.
Com seu sentimentalismo,
guardou em mais de um lugar
um papel para mostrar
dores e consolações
a dez ou mais gerações,
pelos pais e por avós,
"vinte e oito anos" após —
e até as ressurreições.
d) Impacto e reação
Peguei a carta e abri;
lentamente fui olhando.
Não estava
acreditando
que fui eu que
escrevi.
Li, muitas vezes reli
frente e verso, cada
linha:
reconheci que era
minha
a letra bem
desenhada.
Mas podia ser tirada
de algum manual que eu
tinha...
e) Puxando pela memória
Achei que eu era o
mentor,
porém não fiquei tranquilo.
Comparei o meu estilo
com outro de algum
autor.
Mas foi "o pai protetor"
que eu retratei com firmeza
quem me deu toda certeza
de saber a autoria:
era de mim que saía a
carta de luz e tristeza.
f) Luto na cor da carta
Deus lhe pague, minha Prima
esse cuidado fraterno,
consanguíneo, puro e terno
que a nossa família estima.
Teu desvelo foi "acima
da média" dos sentimentos:
o luto e os sofrimentos
ficaram da cor da carta,
pois o Tempo não aparta
abraço desses momentos.
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