9) Porque eu escrevo
O ato de escrever —/
muitos acham desgastante;/
sua rotina é maçante./
Mas escrevo por prazer.../
Então como pode ser?/
É gosto: não se discute./
E no sabor que eu desfrute,/
não vejo a hora passar/
como quem vai trabalhar/
ou, um bom jogo, dispute./
10) Mistério silencioso
Por que escrevo? É um mistério:
uma conta do meu ser!
Quando penso em escrever,
atraio um átomo etéreo.
Meu "silêncio de ermitério"¹
ajuda esse magnetismo.
Crio texto e aforismo,
invento que sou poeta²
e nessa conta secreta,
uso letra e algarismo.
¹ Ermitério: o mesmo que eremitério (abrigo de eremita ou casa de campo); eremita ou ermitão é um indivíduo que, usualmente por [...] simples amor à natureza, vive em lugar deserto (https://www.dicio.com.br/eremiterio. Acesso em 25-05-17).
² "O poeta é um fingidor" (multipessoa.net/labirinto/fernando-pessoa/1. Acesso em 25-05-17)
11) Escritor: excepcional lazer
Parar de escrever, não paro.
Sinto-me bem, escrevendo.
Vou assim me entretendo
com o meu "lazer muito raro".
Entretido, eu sinto o "faro"¹
de uma cena alegre ou triste —
de muito drama que existe!
Exponho em perspectiva²
"ponto, linha"³ ou iniciativa
que o olho humano aviste.
¹ faro (figurado): perspicácia, discernimento; intuição.
² perspectiva de abordagem ou tema delimitado.
³ ponto de vista, linha de pensamento.
Décimas em decassílabo
12) Blogueiro:
em vez de frustrado, mundializado
Acabou-se a antiga frustração
que eu sentia, depois que escrevia
uma página, contudo não podia
divulgar minha expressa opinião.
Hoje tenho este blogue* em expansão,
onde escrevo e publico, em abundância:
novo espaço, alto nível, larga instância;
o seu raio de alcance é mundial...
Este blogue tem "jeito de um jornal
cujo dono" lhe dá muita importância.
* "...os blogs viraram também ferramenta de divulgação artística, possibiltando a publicação de material desenvolvido por artistas independentes como poetas, desenhistas, escritores e fotógrafos, antes impossibilitados de mostrar seu trabalho" (http://www.infoescola.com/informatica/o-que-sao-blogs/ Acesso em 10-05-17).
Décimas em hendecassílabos
13) Insônia: indução para escrita
A pessoa é induzida a escrever —
enquanto se acorda e não acha mais sono.
Em vez de entregar-se ao revés do abandono,
anota o que está pretendendo fazer...
(Não pode sujar nem rasgar, nem perder
o papel da nota de um fato importante.)
A ideia que antes estava distante
começa a fazer parte do seu acervo.
Não sentiu enfado nem falta de nervo;
a escrita serviu de recurso e calmante.
14) Ares da Internet, como rádio no ar
ou "Minha postagem no ar"
O poeta sente uma satisfação,
levando o seu texto ao "ar da Internete".
De certa maneira, ele também se entrete
com um verso que sai da imaginação.
Consola, conforta, acalma o coração,
tornando mais leve uma dor ou pesar.
E de manhãzinha, quando se acordar,
espera que alguém leia o que ele escreveu.
Esse tal poeta, sem fama, sou eu,
com um blog sem voz e postagem no ar.
15) Como e porque: leitura motivadora ou
mestre em fazer bem-feito*
O poeta sente uma necessidade
de ler o que dizem os outros poetas
a fim de achar em suas obras seletas
o rastro da sua genialidade...
Não quer arriscar-se com mediocridade,
pretende também ser mais um menestrel.
Com esse padrão, tem empenho fiel,
e assim como o príncipe deseja reinar,
tem ele a vontade de acompanhar
o vate que é "mestre em fazer seu papel”.
*bem-feito (adjetivo): o seu trabalho está bem-feito; benfeito (substantivo): o seu benfeito é de grande valor. (http://www.portuguesnarede.com/2013/10/bem-feito-bem-feito-e-benfeito.html. Acesso em 14-01-18).
Décima é uma estrofe com 10 versos. Decassílabo é o verso que tem 10 sílabas poéticas; hendecassílabo é o verso que tem 11. Rimas intercaladas (abbaaccddc).