(Copiado
da nossa postagem
Quem sou
eu – imagem poética.)
1 Escritor: de agitado a conclusivo
1) Agitado
Tive
complicação ontem;
mal
consegui escrever.
Peço
aos deuses que me contem
as
falhas que eu pude ter
e
que hoje, mesmo, remontem
as
fichas do meu saber.
2) Sina de escrever ou
compulsão
Se
um dia, eu não tiver mais
quem
leia meu folhetim,
vou
transferir meus postais*
do
Blogue para o jardim;
e
aviso aos meus Murais:
“Vou
escrever só pra mim”.
*Alusão a postagens e Blogs.
3) Escritos no papel
Pode ser papel-rascunho,
ser impresso ou digitado;
seja datilografado,
ou feito de próprio punho —
do seu autor, traz o cunho
de vida alegre ou plangente:
é leito, foz ou nascente
do saber de homem perito.
Em todo papel escrito,
vejo um pedaço de gente.
4)
Conclusão redacional
Quando faço redação,
penso no grande momento:
é no terceiro elemento,
que é a sua conclusão.
Deixo nela a impressão
de um pensamento certeiro.
Depois que dou por inteiro
o tema desenvolvido,
eu sou mais bem-sucedido
pelo fecho do roteiro.
5) "Peso leve" na linguagem
Quem escreve tem uma inquietação
que não quer mais deixar passar em branco;
desabafa, com jeito e sendo franco,
evitando causar perturbação.
Eu também desabafo na canção,
no soneto, no mote e no aforismo;
reinvento algum neologismo
como "último recurso" do processo;
quando a Musa retorna, eu recomeço
com uma nova dosagem de eufemismo.
Ver
também postagem: motivos para escrever.
2 Existência: adversidade e ser cósmico
6) Adverso
Um desânimo, eu endosso,
mesmo sendo entusiasta:
faço tudo quanto posso,
mas o que faço não basta.
7) Ter "palavra de honra"*
Eu queria ser um rei,
para assim ser conhecido:
minha “palavra ser lei,
prego virado e batido”.
*
Declaração verbal de compromisso dada a outrem (HOUAISS).
8) Ser cósmico
Eu sou um corpo infinitesimal
e não sei nada sobre a minha alma.
Ainda assim, meu ímã natural
atrai o bem que o Universo espalma.
9) Humorista satírico*
Vejo a diferenciação
entre a verdade e o conto:
a diferença é de um ponto
que é dado pela versão.
A vida é uma ficção
que pouca gente conhece;
quando a Verdade aparece,
há quem estranha ou se vira;
prefere logo a mentira,
achando que a merece.
*Alusão
ao ditado “Quem conta um conto aumenta um ponto”.
10) Cambaleante
Adoeço. É a vida
nem só de felicidade,
mas também de enfermidade,
quando não, de alma ferida.
Se passo a manhã doída,
meu sol não brilha como antes
nem sigo com os navegantes
que partirão com saúde.
Preciso de quem me ajude
em condições degradantes.
Estrofe
(décima) com redondilhas de sete e rimas ABBAACCDDC.
11) Amargo e vazio
Às vezes, caio no laço
de uma estranha amargura.
Lamento essa desventura
por medo de algum fracasso.
Sinto faltar um pedaço
do meu castelo de sonho.
Nem um sorriso tristonho,
eu consigo desprender.
Não tenho paz nem prazer
nesse vazio medonho.
Estrofe
(décima) com redondilhas de sete e rimas ABBAACCDDC.
12) Decênios e desencantos
Eu estou na casa dos cinquenta anos.
Vou fazer dez anos no meu desencanto:
se eu tivesse lágrima, choraria tanto
que banhava a rede com mais de dez panos.
Quando era criança, nem era "decano",
pensava que só chegaria aos "quarenta";
porém, já vou quase chegando a sessenta.
De dez em dez anos, encontrei sinais
de que vou sofrer e chorar muito mais,
depois de sessenta, setenta, oitenta...
Décima
com versos "hendecassílabos" (11 sílabas poéticas) e as rimas
ABBAACCDDC.)
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