3.3 Exemplos de quadrinha e de trovas
4.2 Quadrinha e aforismo na estrofe
4.3 Resumo e curiosidade
Notas:
1) considerando o tema simples demais, elaborei o Índice para que o Leitor vá direto ao assunto que lhe interessa.
2) Índice não traz o número das páginas e Sumário contém essa numeração.
1 Intenção e utilidade
Neste ensaio, pretendo identificar "estrofe dentro de estrofe": quadra, quadrinha e trova, bem como aforismo de 1, 2 e 3 versos — que estão sutilmente encaixados dentro de outras estrofes com 5 versos ou mais.
Uma utilidade seria despertar a atenção do leitor para localizar esses tipos de estrofe, por meio da sua própria inteligência. Isso o ajudará quando for interpretar um poema, já sabendo que é provável o surgimento deles em qualquer parte (na sequência de pensamento do autor).
Outra utilidade é a sugestão subliminar para alguém escrever poema, consciente de que pode usar esse artifício válido para "atribuir ao seu verso uma feição estilística": eu, por exemplo, faço muito isso, e a minha poesia contém aforismo que eu mesmo invento.
2 Antecedente e percepção
Inúmeros poetas fazem estrofe (Sextilha, Sete Linhas e Décima) — contendo pelo meio, no começo ou final — um monóstico, um dístico, ou um terceto, refletindo implicitamente a noção de "aforismo"; ou ainda um quarteto-quadra com o aspecto de "quadrinha". Cada estrofe pode ter um ou mais elemento desses.
Percebi esse fato, por acaso, durante a reflexão de estrofes desse tipo. Deduzi que esse feito ocorre de modo intencional ou circunstancial, mas dentro do seu contexto poético.
3 Noção geral com exemplos
3.1 Tipos e nomes de estrofes
Monóstico: estrofe com 1 verso.
3.2 Quadra, quadrinha e trova
Gradação crescente de importância
No meu conceito, pressuponho esta gradação crescente: a quadra ou quarteto é uma estrofe qualquer de 4 versos dentro ou fora de um poema; a quadrinha já é uma quadra extraordinária, com maior expressividade, fora de um poema; e a trova é uma superquadrinha, clássica, também fora de um poema.
O poeta que faz trova é trovador; o que faz quadra e quadrinha não tem denominação especial; é por isso que eu não me chamo "trovador".
a) Quadra poética. Quadra ou quarteto é um conjunto de quatro versos juntos, que pode estar dentro da estrofe (é o quarteto) ou fora de uma estrofe (é a quadra). Um soneto, por exemplo, tem dois quartetos; em muitos sonetos, cada quarteto faz sentido completo, mesmo se ficar isolado; eu induzo que, fora do soneto, o quarteto poderia logo se chamar "quadrinha".
b) O que é a Quadrinha? É uma quadra especial, fora da estrofe; é precisamente uma estrofe autônoma, que deve atender a esta condição: transmitir uma ideia completa, uma pequena ou grande mensagem isoladamente. Na quadrinha, o 2º verso rima com o 4º, e os outros dois não precisam rimar (rimas abcb).
c) Trova
Posso convencionar que a quadrinha com uma grande mensagem, célebre, passa a chamar-se trova.
E o que é uma Trova? É uma superquadrinha, especialíssima de conteúdo; além disso, deve rimar o 1º verso com o 3º, e o 2º com o 4º (abab); rima também o 1º verso com o 4º e o 2º com o 3º (abba).
3.3 Exemplos de quadrinha e de trovas
Modéstia à parte, toda (e qualquer) estrofe anotada como exemplo neste ensaio é da minha autoria, ainda que a trova seja só um arremedo.
Exemplo de uma Quadrinha (com rimas ABCB):
Ladrão na porta
Exemplos de Trovas
com rimas ABAB:
Uma conclusão é esta,
para os anos de idade:
quanto menos tempo resta,
mais aumenta a atividade.
com rimas ABBA:
Hospital estabelece
4 Suposta novidade
Não realizei pesquisa a fim de saber se já existe algum estudo sobre as anotações que estou fazendo aqui. Foi por isso que as chamei Ensaio*. Se houver, não criei nada: terei feito uma repetição intuitivamente...
georgemarques.com.br/escrevendo/os-tipos-de-texto
4.1 Quadra dentro e fora da estrofe
Se a quadra estiver dentro da estrofe, não fazendo ou fazendo sentido sozinha, não passa de uma quadra ou quarteto, enquanto não sair da mesma.
Porém, quando a quadra contém uma ideia completa e pode sair da sua estrofe (mantendo a mensagem da quadra), eu induzo que pode também se chamar "quadrinha" (cuja importância varia com a opinião do leitor), inclusive, podendo ser recitada ou musicada isoladamente em "sarau", visto que a quadrinha é "muito querida", com bastante aceitação popular; pode ser elevada à categoria de trova (ver seção 3.2 Quadra, quadrinha e trova).
A suposta inovação é o fato de eu ter observado essa quadra com sentido próprio dentro de uma estrofe e retirá-la da mesma, fazendo explicações para atribuir-lhe um nome genérico, derivado: "quadrinha na Sextilha, quadrinha nas Sete Linhas e quadrinha na Décima"; foram as três mais encontradas por mim, sendo que ainda se pode achar em qualquer estrofe a partir de 5 versos, notadamente no Soneto (uma composição de 14 versos).
A quadrinha na estrofe é uma quadra com sentido próprio, que pode ser copiada da estrofe, para "seguir sozinha" ou entrar em coleção de quadrinhas; ou conforme seja o valor da sua mensagem, pode virar uma trova.
A trova na estrofe já será difícil aparecer, visto que é uma quadrinha célebre, mas, teoricamente, nada impede sua repercussão fora da estrofe até alcançar esse elevado nível.
O aforismo na estrofe pode vir no terceto, no dístico, no monóstico que, isoladamente (fora da estrofe), cada um forma uma ideia completa, uma pequena mensagem, como se faz ou se acha no soneto.
4.3 Resumo e curiosidade
Em resumo, é o seguinte: estando fora da estrofe da qual faz parte, uma quadra pode ser chamada "quadrinha"; o terceto, o dístico e o monóstico já podia (cada um) virar um "aforismo em verso". O verso pode ser de qualquer tamanho: qualquer número de sílabas poéticas (ou métricas).
Curioso é que um poeta pode também incluir um aforismo qualquer na sua estrofe (entre aspas e dentro da sua linha de pensamento). Esse é que mantém mesmo a sua função própria quando sair da estrofe, de volta para o mundo aforístico.
Eis uma forma poética de falar sobre a quadra na estrofe:
Quadra, quadrinha
Quadra¹ que vira quadrinha²
vira uma estrofe "andorinha"
4.5 Exemplos de quadrinha na estrofe
nos braços da Solidão,
4.6 Exemplos de aforismo na estrofe
a) Aforismo de 1 verso ou monóstico (sublinhado)
¹ Moral da estrofe: realizar a tarefa bem-feita — do começo até o fim — para colher os frutos do trabalho (qual um jardim sempre zelado para dar flores).
b) Aforismo de 2 versos ou dísticos (sublinhados)
cuidado para ensinar
1) O pronome eu na linguagem foi usado para tornar o ensaio mais claro, visto que o plural de modéstia nós ou a forma impessoal dificulta o endendimento das ideias.
2) A quadrinha e a trova não recebem título. Mas eu costumo atribuí-lo a toda estrofe que faço e assim as coloquei nesta matéria.
3) Talvez o tema em evidência aqui seja simplório para tanto corolário, gerando "muita conversa para pouca conversão"; mas o Leitor sempre fica somente com a parte que interessa mesmo.
Notas de revisão:
1) Uma regra gramatical dos Numerais estabelece que o número seja escrito por extenso quando tem só uma palavra, por exemplo, cem; e com algarismo, quando tem mais de uma palavra, por exemplo, 120. Mas, quando se têm muitos números, é permitido escrever todos com algarismo a fim de facilitar o entendimento; foi essa última regra que adotei neste ensaio.
2) Uma regra redacional ensina que não se deixa uma palavra isolada na última linha do parágrafo, notadamente no final da página; mas não foi possível obedecê-la aqui devido à minha dificuldade na formatação do Blog.
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