Não comecei a escrever assim. Adquiri o hábito no decorrer do tempo, durante um processo de aperfeiçoamento que vou chamar aqui "normas da versificação do poema e componentes metódicos de que o mesmo se reveste".
1 Marcas diferentes ou inovadas
Poema e poemeto. Considerando que "o soneto é um poema e que o mesmo tem catorze versos", eu denomino poemeto (poema pequeno) uma composição de treze versos ou menos, agrupados em estrofes, e adoto esse critério na minha sonhada arte poética.
Cada título possui tamanho quase metrificado com os outros, de uma a quatro palavras cada qual, e não pode ser maior do que o verso respectivo.
Uma regra minha é que todo título de postagem contenha três ou quatro palavras: a intenção é torná-los quase metrificados (do mesmo tamanho, entre si). Essa padronização fica bonita e agrada os olhos da pessoa.
Além disso, gosto de permear cada estrofe com algum verso de conotação aforística pensada por mim, ou, parafraseando um provérbio (caso em que faço a notinha de rodapé na estrofe). Quanto mais perto chegar de um aforismo, mais é convincente. (O aforismo deve ser uma regra tão evidente que não precise de explicação.) Excepcionalmente sai uma estrofe toda aforística.
Quando consigo, adoto um estilo soneteano (à moda soneto) em cada estrofe, notadamente, na de 10 versos (décima): com 1 ou 2 versos introdutórios (afirmando, negando ou perguntando); 1 ou 2 conclusivos (deduzindo ou induzindo e raramente, perguntando); e com desenvolvimento dissertativo "explicativo" (não é argumentativo) nos seis ou oito versos intermediários (evidenciando ideias encadeadas, "pegando a deixa" pelo meio) até fechar com "chave, que não é de ouro, mas deve reluzir um pouco". Por isso, a estrofe pode até ser dividida em dois quartetos e dois dísticos, ficando com um "jeito soneteano".
Recorro muito à metáfora categórica ("isto é aquilo") ou comparativa (isto é como aquilo). A propósito, quem usava muita metáfora e hipérbole juntas era Castro Alves; exemplo: "O livro... é chuva que faz o mar..." (comparação exagerada).
Faço a minha autocrítica. Sou afeiçoado à crítica, de bom humor e à ironia crítica leve, mesmo quando se refere à minha pessoa individual; alguma vez não posso ocultar o lado amargo da ironia que está no próprio enredo —, mas faço tudo sem depreciar a pessoa de ninguém; nesse caso, utilizo a forma impessoal, ressalva do caso e outro meio. Serve para fazer o leitor sorrir intimamente.
Procuro organizar o poema, dividindo o mesmo em seções, podendo chegar aos capítulos, de acordo com a extensão. É uma tentativa de sistematizar o texto (em verso).
Faço um Sumário (com número das páginas) ou Índice (que não tem essa numeração). Assim o leitor escolhe rápido o que vai ler.
Pela regra, a letra inicial de cada verso pode ser sempre maiúscula. Mas cada verso meu começa com letra inicial maiúscula ou minúscula — de acordo com a pontuação que lhe faça sentido e a regra das letras iniciais das palavras. Isso confere muita clareza à mensagem.
Cada estrofe é autônoma com sua mensagem própria (levando seu sentido para onde for), podendo ser lida fora do contexto onde se encontra, mas deve estar vinculada à maior mensagem do poema ou poemeto (esse tem poucas estrofes). Componho algumas vezes duas estrofes que se complementam, quando o subtema não cabe em uma só.
Valorizo a nota de rodapé, na sua função de explicar ideia, esclarecer opinião, complementar conceito, dizer o significado de palavra difícil, etc. — para quem é menos versado no tema ou na arte poética — bem como para explicar falha minha na escrita, perante o leitor culto ou erudito. Lendo poesia, uma pessoa não interrompe a leitura para pesquisar, devido à sensação agradável que a mesma deve proporcionar; por isso, é bom fazer nota explicativa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário