livro guia de trabalho do revisor de texto valdir

Livro REVISÃO DE TEXTO: correção ortográfica, revisão redacional e metodológica, e copidesque ou copidescagem > Clicar Aqui. É o livro-guia de trabalho do Revisor de Texto Valdir Loureiro: conceitual e metódico, serve para nortear os procedimentos que disponibilizamos na função de revisor textual e de copidesque, podendo virar um atrativo autêntico dessa oferta, um cartão de visita “sui generis" (como poucos) para divulgar essa atuação.

11/12/2015

Cante o que eu sinto, poeta!

que eu sinto e não sei cantar.
Poema em "mote alheio" da Literatura de Cordel:
Glosado (ou desenvolvido) por Valdir Loureiro.

Contém 15 décimas (estrofes com 10 versos), em redondilha maior (verso de 7 sílabas poéticas) e rima alternada “abbaaccddc” —, cada estrofe com seu título e subtema diferente.

1)  Por favor
A Você, que é repentista,
poeta e bom cantador,
vou lhe pedir um favor
como sentimentalista 
pois o seu gênio de artista,
com certeza, vai mostrar
um jeito de terminar
minha canção incompleta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.

        2) Expectativa de pacificação
Até quando vamos ter
de recitar poesia,
com anseio de algum dia,
ver o Homem se entender.
Você pode preencher
essa lacuna ao tocar
a viola e praticar
sua “arte predileta”.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.

        3) Lembrança "junina"
Gosto de “festa junina”
com barracas pelo chão;
com fogueiras de São João
e a quadrilha nordestina;
“do Santo a quem a menina
pergunta se vai casar...”*;
do casal que conversar,
segurando a bicicleta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.
*Santo Antônio (casamenteiro).

        4) Paixão pelo Futebol
É alegre o “futebol”
com o calor da partida
mais o grito da torcida
que faz ola* e caracol.
É bonito o pôr-do-sol
e a noite que vai chegar
pra torcedor festejar
um gol que faz o atleta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.
*Ola (substantivo feminino). Lâmina de ouro que imita folha de palmeira.

        5) “Olhar pela janela”
Não gosto da indiscrição
de gente das Capitais
que faz pergunta demais
durante a conversação.
Quando está em reunião,
é capaz de atrapalhar
a conversa — pra jogar
uma pergunta indiscreta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar

        6) Decepção eleitoral
Por favor, cante o sofrer
do “jovem desempregado”
que se sentiu enganado
pelos homens do poder:
votou neles por querer
emprego (pra trabalhar),
mas vê mandato passar
sem alcançar sua meta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.

        7) Convivência politiqueira
Politicamente um partido
apunhala o seu rival
que tem força eleitoral
com o poder dividido.
Mas, se estivesse unido,
não daria o que falar;
poderia até quebrar
o punhal com que espeta.
Cante o que eu sinto, poeta!
que eu sinto e não sei cantar.

        8) Monge sem religião
Gosto de ficar sozinho
“no quintal” da minha casa
onde não piso na brasa,
uma pedra nem espinho.
Esse canto é como ninho
que serve para eu morar,
onde os pássaros vêm cantar
e uma acerola vegeta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.

       9) “Nenhum homem é uma ilha.”*
Às vezes, acompanhado,
estou em “concentração”.
No meio da multidão,
também me sinto isolado.
Mesmo assim tão concentrado,
não poderei concordar
com a ideia de morar
dentro da Ilha de Creta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.
* Título opcional: Perdido e achado, em abstração.

        10) “Olhai as aves do céu.”*
Ouço com muita leveza,
nos horários matinais,
a cantiga dos “pardais”,
que alegra a Natureza.
Sinto mais essa beleza
quando me vou levantar
até ver pardal voar,
fazendo curvas e reta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.
* Parodiando a frase de Érico Veríssimo: 
“Olhai os lírios dos campos”.

        11) Ligação no Universo
Segundo a Filosofia*,
“...tudo está interligado”.
Nada existe separado,
quando a Natureza cria.
Um mestre “zen” já diria:
o poeta há de pensar
na nuvem que vai pairar
sobre a planta que vegeta...
Cante o que eu sinto, poeta!
que eu sinto e não sei cantar.
* Cf. Jornal O Povo, 3 jul. 2005, ano IV, n. 835 Suplemento (Caderno Buchicho) Zen %: “O que é Zen?!” por A. Ramyata. (site: buchicho@opovo.com.br)

        12) “Adote uma árvore.”*
Como é bom o “juazeiro”,
que dá muito benefício!
Serve como dentrifício
e dá sombra ao boiadeiro;
de juás, é um celeiro;
tem casca pra ensaboar;
quem ao seu pé descansar,
se deita, dorme ou se aquieta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.
*Alusão ao slogan de proteção ao meio ambiente que tem a frase “Plante uma árvore”.

        13) Moderação diplomática
Considere o “diplomata”,
que vive no Exterior:
conselheiro, embaixador;
à questão, ata ou desata.
Com a sua fala sensata,
procura negociar.
Engana-se quem pensar
que ele é portador pateta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.

        14) Musa inspiradora
Pense na Mitologia,
na montanha do Parnaso*:
diga lá, conforme o caso,
cada musa, o que fazia;
e como vive hoje em dia
cada mito do lugar;
se vale a pena pensar 
na musa sem ser concreta.
Cante o que eu sinto, poeta,
que eu sinto e não sei cantar.
*Parnaso: Montanha da Fócida (Grécia antiga) consagrada a Apolo e às Musas.

      15) Um feliz, outro lamenta
Fale bem do passarinho:
é feliz com o que tem,
comendo o pouco que vem
achado fora do ninho — 
enquanto o rico mesquinho,
no palácio onde morar,
passa a vida a reclamar
da mesa farta e completa.
Cante o que eu sinto poeta,
que eu sinto e não sei cantar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário