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Livro REVISÃO DE TEXTO: correção ortográfica, revisão redacional e metodológica, e copidesque ou copidescagem > Clicar Aqui. É o livro-guia de trabalho do Revisor de Texto Valdir Loureiro: conceitual e metódico, serve para nortear os procedimentos que disponibilizamos na função de revisor textual e de copidesque, podendo virar um atrativo autêntico dessa oferta, um cartão de visita “sui generis" (como poucos) para divulgar essa atuação.

19/04/2015

Poema póstumo ao meu pai – Luto

Ao meu pai, Edilson Alencar.
Memória e homenagem póstuma – in memoriam.

Texto biográfico

Primeiros impactos

        Prelúdio: reflexo da enfermidade
Só entende a minha história
quem já perdeu o seu pai;
então sabe aonde vai
o que eu trago na memória.
Não encontramos vitória
sobre um mal que não tem cura:
arrasta pra sepultura
até os que não têm vício,
transformando em sacrifício
a paz que um homem procura.

        Data do falecimento: 14-05-87
Foi “catorze” o triste dia,
“Oitenta e sete” era o ano:
um devoto "mariano”
morreu no Mês de Maria.
Visitando a cova fria,
onde o papai hoje “mora”,
família ou parente chora,
lembrando a lição eterna:
a Vida não se governa;
a Morte é que faz a hora.

        Resignação após a morte
Reza e controle é preciso
pra não haver desespero,
não se fazer exagero
nem se perder o juízo.
O dia do Paraíso,
Jesus anunciará.
E o papai descansará
como São João escreveu:
“Mesmo aquele que morreu,
se crer em mim, viverá”.

Contexto circunstancial dos "últimos dias"

Para casa, estou voltando,
querendo rever meu pai,
que, de casa, já não sai
com o mal que está passando.
Há muito tempo, penando,
não sente prazer na vida:
no corpo, traz a ferida;
na alma, traz o desgosto;
e pelas rugas do rosto,
cai sua lágrima dorida.

Eu não consegui chegar
à hora em que foi marcada,
porque houve atrapalhada
para o avião se atrasar;
quando veio decolar,
de meia-noite passava.
Eu só comigo pensava
no longo sepultamento,
no cemitério cinzento
e na mamãe, que chorava.

Às sete horas, cheguei.
Vi muita gente, rezando.
Com o sol da manhã, brilhando;
do corpo, me aproximei.
E ao bom Deus, perguntei
"por que tão grave sentença"?
Pois não bastou a doença
para servir de agonia!
Pedi à Santa Maria
que aumentasse a minha crença...

De casa ao campo-santo,
foi um caminho sem fim.
A Terra fugiu de mim,
na sala ficou seu canto.
A igreja se encheu tanto
que o padre se admirou.
Das missas que ele rezou,
aquela foi a mais triste;
“de todo sermão que existe,
mais tempo, aquele durou.”

Retrospectiva biográfica

        Nascimento e filiação
Meu pai foi de outro lugar:
nasceu lá, na Redenção¹;
e a sua filiação,
vou aqui certificar:
a mãe, Adir Alencar,
e o pai, Joaquim Martins;
viveram noutros confins;
aqui deixaram parentes
(mulheres e homens decentes,
muitas famílias afins).
¹ Município cearense (curiosamente o primeiro que libertou os escravos, em 25 de março de 1888). 

        Único matrimônio
Para fazer a sua vida,
amou, casou-se, primeiro;
e foi Nedite Loureiro
a sua esposa e querida;
sua prole foi trazida
pela Paixão e o Destino...
fez controle natalino;
conseguiu o que queria:
do casamento nascia
pouca menina ou menino.

Família e alguns princípios

Cuidou sempre de nós, filhos,
com moral e paciência;
dizia com insistência:
“Procurem ter os seus brilhos;
quero ver dentro dos trilhos
a família que eu fizer;
meus filhos, minha Mulher,
se me ouvirem, poderão
ter fartura e união
com o pouco que Deus me der”.

Meu pai amava o saber;
e a nós, filhos, educou.
Para nós, recomendou
a união no viver.
E não gostava de ser
por ninguém repreendido;
tinha seu sono perdido
quando isso acontecia;
anotava até o dia
para não ser esquecido.

      Conduta sem vício
Fumar, beber e jogar —
isso, papai nunca fez;
para se abster de vez,
evitava farrear.
Ia cedo dormitar
como faz a Natureza.
Tinha consigo a certeza
de uma saúde perfeita.
E a sua prece era feita,
vendo de Deus, a grandeza.

    Profissão e exemplo 
Foi pequeno agricultor;
depois foi comerciante;
trabalhou feito um gigante;
também foi empregador.
Quando prestava um favor,
o favor era completo.
Era quase analfabeto,
mas deixou filho formado.
Seu exemplo está mostrado
pelo caminho correto.
  
    Amor à palavra e à arte da Cantoria
Por ser um homem direito,
de ninguém queria nada;
depois da palavra dada,
o negócio estava feito.
Ele trazia no peito,
além do bom coração,
o gosto pela canção
de viola e cantoria;
gostava de poesia,
mote, martelo e quadrão.

    Devoção a São Francisco 
Devoto de São Francisco,
muito era “Seu Dedé¹”:
visitava Canindé,
doente e correndo risco.
Na volta, trazia um disco,
um santinho ou um rosário.
Ao voltar do Santuário,
chegava mais animado,
para enfrentar renovado
os caminhos do Calvário.
¹ Era seu apelido.
        
        Ao meu pai postumamente
Completei sessenta anos.
Meu pai morreu antes disso.
Sempre tenho compromisso
de dar valor aos seu planos.
Convivo entre os decanos;
corri, errei e acertei;
sei que algum desgosto, dei
"ao homem que me gerou",
mas, como pai, perdoou
os pontos em que falhei.

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