Sofrimento adiado pela paixão

Vivendo momento de paixão

Canto 1

Resolvi adiar meu sofrimento

de pensar que, um dia, vou-me embora

não vou ficar longe de quem me adora,

sem a ter junto a mim outro momento;

nem cair depois, no esquecimento,

sem que seja novamente lembrado.

Pra viver bem à sombra do passado

de paixão que vivemos no presente,

vou tentar conservar dele a semente

e guardá-la no peito com cuidado.

Canto 2

Seu retrato, guardado, permanece,

com valor de uma joia preciosa;

seu rosto desenhado é uma rosa

que se abre, quando o dia amanhece;

e que dorme, quando a noite escurece,

como fazia a Índia Iracema.

Seu nome nele escrito é um poema

que eu vou transformar numa canção.

Seu cabelo longo faz um cordão

que eu vou transformar num diadema.

Canto 3

Perto dela, não há tempo ruim;

nem há mal que acabe meu sossego;

nem carinho melhor que seu apego;

nem beijo que comece pra ter fim.

Não existe quem a afaste de mim;

nem noite que mate a nossa vontade;

não há tempo que aumente a nossa idade;

nem ruga que envelheça o nosso rosto;

nem tristeza que resulte em desgosto;
nem desprezo, nem mágoa, nem saudade.

Ao leitor menos versado:
São estrofes de 10 versos (décimas) com versos de 10 sílabas poéticas.