Sentimento diversificado em subtópicos.
"Mote em sete" sílabas poéticas.
Linha cronológica: nascimento, vida e morte.
Usado "plural
coletivo" nós.
1) Nascidos
vivos
Lá do
ventre maternal,
saímos
muito indefesos;
entramos
na Vida presos
ao
cordão umbilical.
Esse
passo inicial
é de
quem ao Mundo vem,
que
passa por mão também
de
parteiras ou parteiros.
Nós
somos prisioneiros
de algo
ou de alguém.
2) A Vida como viagem
Tomamos o Trem da Vida
— com destino à prisão —,
chegando à última estação
com sentença recorrida.
Depois da pena cumprida,
a Liberdade não vem.
E nos vagões desse trem
do qual somos passageiros,
nós somos prisioneiros
de algo ou de alguém.
3) Patrulhamento e espionagem
A liberdade de imprensa[1],
dita na Constituição:
para o fraco, é ilusão,
que ao poderoso, compensa;
se o fraco diz o que pensa,
fica sujeito também
a ser preso por quem tem
espiões e patrulheiros.
Nós somos prisioneiros
de algo ou de alguém.
Nota:
[1] Liberdade de
imprensa: direito que tem a imprensa de emitir opiniões e pensamentos sem
censura prévia, mas guardando critérios éticos (HOUAISS).
4) Liberdade de expressão
de expressão e de imprensa.
Quem falar tudo que pensa
pode até “entrar na grade”*.
Nós somos prisioneiros
de algo ou de alguém
*nesse verso, "entrar na grade" significa "ir para a cadeia".
5) Bisbilhotagem
É o controle social
exercido sobre nós
que nos cobre com “lençóis
de tecido prisional”.
“Muita câmera virtual,
no celular, ‘ele’ tem.”
É instalada por quem?
quem são os bisbilhoteiros?
Nós somos prisioneiros
de algo ou de alguém.
Seguindo-nos com o olhar,/
— na cor, no gesto e na roupa... —,/
alguém não deixa nem poupa/
desse mal que nos detém;/
mas, enquanto ele não vem,/
somos alvos dos "olheiros"./
7) Metáforas
“A preguiça é” conhecida
como “a chave da pobreza”;
e a chave da esperteza,
a Astúcia guarda escondida;
a chave do Trem da Vida,
o Destino é que detém.
É tanta chave que nem
cabe nos nossos chaveiros.
Nós somos prisioneiros
de algo ou de alguém.
8) Naturalmente ou não
Somos presos ao horário;
ao sono, que adormece.
A Vida toda parece
um sistema carcerário.
A prisão tem donatário.
“Cada Um dá o que tem.’’
Sendo assim, não falta quem
nos queira dar cativeiros!
Nós somos prisioneiros
de algo, ou de alguém.
9)
Hospitalizados
No
hospital, nós, doentes,
precisamos
de roupeiro,
de
médico, de enfermeiro,
de
remédio e atendentes.
“Chamam-nos
de pacientes,
pra não
chamarmos ninguém?”
Sem
chamado, a Morte vem;
precisamos
de coveiros.
Nós
somos prisioneiros
de algo
ou de alguém.
10)
Globalização
Por um
“mercado global’’,
— quem
sabe? — venha ao País
uma
empresa que se diz
ser
multinacional;
e
contrate pessoal
em São
Paulo ou Santarém,
fazendo
“um milhão e cem
escravos
de empreiteiros”.
Nós
somos prisioneiros
de algo
ou de alguém.
11) Compra pela Internet
Ao
comprarmos um produto
por
meio da Internete,
sabemos
que nos compete
aguardá-lo
no reduto.
Além de
pagar tributo,
no
preço que o mesmo tem,
em
casa, nós somos quem?
só
esperando os carteiros?
Nós
somos prisioneiros
de algo
ou de alguém.
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