livro guia de trabalho do revisor de texto valdir

Livro REVISÃO DE TEXTO: correção ortográfica, revisão redacional e metodológica, e copidesque ou copidescagem > Clicar Aqui. É o livro-guia de trabalho do Revisor de Texto Valdir Loureiro: conceitual e metódico, serve para nortear os procedimentos que disponibilizamos na função de revisor textual e de copidesque, podendo virar um atrativo autêntico dessa oferta, um cartão de visita “sui generis" (como poucos) para divulgar essa atuação.

29/10/2015

Meu verso é muito simples

Jogo a rima... ela volta (mote quebrado).
1) À beira do mar, 2) Na coleta do lixo, 
3) No Google, 4) Na forma apresentada,
5) Na agricultura, 6) No Dia dos Mortos, 
7) No aeroporto, 8) Unicidade, 9) Rotineiro.
10) Diversidade.

Contraponto: mudança de estilo
Já escrevi complicado,
invertendo a posição
dos termos da oração:
o sujeito e o predicado...
usei nome rebuscado,
que era substituível:
grafei "verossímil (crível)",
em vez de "acreditável".
Mas já fiz texto agradável
com a linguagem acessível.

        1) À beira do mar
O meu verso é muito simples:
qualquer um pode cantar.
Está na areia da praia,
na espuma branca do Mar,
na estátua de Iracema¹,
na varinha de pescar;
no balanço da canoa,
no canoeiro a remar;
na beleza da jangada,
no navio que atracar².
Jogo a rima na maré,
ela volta a me banhar.

¹ Monumento alusivo à personagem indígena Iracema, do romance (mesmo nome) de José de Alencar, existente na Praia de Iracema, em Fortaleza.
² Termo de marinha: aproximar (embarcação) de ou encostar a (cais, outra embarcação), amarrando devidamente. Exs.: o oficial de serviço vai atracar o navio, atracar o navio ao cais do porto (HOUAISS).

        2) Na coleta do lixo
De tão fácil que é meu verso,
qualquer um pode aprender.
Tiro do saco de lixo,
da vassoura que varrer,
do canteiro da avenida,
do gari que aparecer;
do sucateiro que passa,
do papel que ele colher;
da pista fria e molhada,
da barata que correr.
Jogo a rima ao vento brando,
ela volta a me envolver.

        3) No Google, na Internet
Meu verso é fácil demais.
Qualquer um sabe curtir.
Está no meu blog-site,
na tela que se abrir,
na palavra zap-zap¹,
na postagem que sumir;
no espaço incomensurável
que a Internet cobrir,
na nota "abaixo da crítica"²,
no “ibope”³ que subir.
Jogo a rima aqui, no Google,
ela volta a me atrair.

¹ Já virou hábito chamar o WhatsApp de Zap Zap, o qual se tornou mais um aplicativo de mensagens instantâneas desenvolvido no Brasil. Disponível para Android e para uso no PC (ver no Google).
² abaixo da crítica — repleto de defeitos; inaproveitável, lamentável. Ex.: comportamento abaixo da crítica. Ex.: um livro abaixo da c.
³ ibope — no sentido de opinião pública; termo adaptado da sigla do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE ou Ibope).      

     4) Na forma apresentada
Meu verso é muito comum,
faço na ordem direta.
Evito inversão dos termos,
a linha é curta e completa,
uma criança decora,
a outra faz a coleta;
o jovem não o distrata,
o adulto bem interpreta,
o idoso não o estranha,
o leitor não engaveta.
Jogo a rima para o Público,
ela volta ao "seu poeta".

        5) Na agricultura
Meu verso é do agricultor,
na plantação natural:
na colheita da lavoura,
na flor do algodoal,
na espiga de milho verde,
nas palhas do arrozal,
no pé de feijão maduro,
no cheiro do cafezal,
no rio que sobe a cerca
com a enchente fluvial.
Jogo a rima no roçado,
ela volta ao meu bornal*.

* Sacola de pano, couro, ou de outro material, com alça longa, usado geralmente a tiracolo para se carregar provisão, ferramenta, etc; em sentido aqui figurado, "bornal de versos". 

        6) No Dia dos Mortos 
Meu verso vem dos finados
em repouso sepulcral.
Vem dos meus antepassados
em lampejo espiritual;
dos "campos-santos"¹ velados,
da honra fúnebre campal;
dos rostos lacrimejados
na oração musical,
das "salvas de tiros"² dados
quando exige o funeral.
Jogo a rima aos sepultados,
ela volta ao meu ritual³.

¹ Cemitérios.
² Alusão aos 21 tiros no sepultamento de militar. 
³ Ritual de versos.

        7) No aeroporto
Meu verso é da aviação,
mas não é de pilotagem.
É o controle do avião:
voo com pouso e decolagem;
níveis de separação,
rota, carta e plotagem;
relâmpago com trovão,
vento, chuva e estiagem;
ordem da administração
que impede uma rolagem.
Jogo a rima no plantão,
ela volta: é outra viagem*.

* Outro voo de avião.

     8) Unicidade: um tema de cada vez.
Singular e penetrante,
meu verso concentra um fato:
só a pedra do diamante,
só o conforto do sapato,
só a pressa do viajante
dentro do avião a jato;
a pose do arrogante
sem alimento nem prato;
ou o pai com o filho distante,
contemplando o seu retrato.
Jogo a rima a um tema adiante,
ela volta ao caso nato.

        9) Rotineiro
Meu verso é cotidiano
(como a rotina diária):
na água que sai do cano
ao claro da luminária,
na costura de algum pano
por uma ação voluntária;
na bolsa que, por engano,
ficou na rodoviária;
no dia, no mês, no ano,
no peso da carga horária.
Jogo a rima em outro plano,
ela volta a sua área.

        10) Diversidade
É muito simples meu verso
como o nome de Maria,
como quem sabe e confia
no assunto que eu converso;
o botão solto e disperso
que se arranca da camisa,
o freio que amortiza
um carro na ligeireza.
Nem orgulho, nem proeza.
Se vejo por outro prisma,
jogo a rima ao sofisma,
ela volta à singeleza.

São 12 versos em 4 estrofes, sendo a primeira introdutória, duas com desenvolvimento e a quarta, conclusiva (aqui foi "mote quebrado", mas não precisa ser mote).
Tem ainda certo grau de boa vaidade (presunção de boa intenção).

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